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Pesquisadores descobrem fóssil de um dos mais antigos predadores do mundo

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Foto: Divulgação 

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de São Paulo (USP) publicaram estudo em que apresentam uma nova espécie de dinossauro predador, o Gnathovorax cabreirai. Originário do período Triássico, com aproximadamente 230 milhões de anos, ele é um dos mais antigos já encontrados no mundo.

O fóssil, descoberto no município de São João do Polêsine, é o mais bem preservado do tipo já encontrado no Brasil. Bastante completo, o esqueleto revela que o animal tinha dentes pontiagudos e munidos de serrilhas, assim como garras longas nos dedos das mãos, que ajudavam a capturar as presas. O nome Gnathovorax significa "mandíbulas vorazes", enquanto que cabreirai faz referência ao paleontólogo Dr. Sérgio Furtado Cabreira, responsável pela descoberta do esqueleto em 2014.

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O grau de preservação permitiu que, com o uso de modernas técnicas de tomografia computadorizada, os pesquisadores reconstruíssem parte da morfologia do cérebro do animal. Os detalhes anatômicos do cérebro revelaram características que são comuns em répteis predadores, como regiões bem desenvolvidas relacionadas ao equilíbrio e à visão. A combinação destas feições indica que este animal foi um predador ativo no ambiente em que viveu.

MAIOR DINOSSAURO BRASILEIRO

Os dinossauros dominaram a Terra durante quase toda a Era Mesozoica (entre aproximadamente 250 e 65 milhões de anos atrás). Dentre as inúmeras espécies que viveram durante este momento, muita atenção é dada aos predadores de grande porte, como o norte-americano Tyrannosaurus rex, famoso no cinema. Assim como ele, os dinossauros predadores mais conhecidos são encontrados em rochas do Período Jurássico ou Cretáceo (entre 201 e 65 milhões de anos). Já no primeiro período da Era Mesozoica, o Triássico, os dinossauros carnívoros eram raros, menores e pouco conhecidos.

DOS MAIORES CARNÍVOROS
O Gnathovorax chegava a medir 3 metros de comprimento e, apesar de ser menor que os famosos predadores do Jurássico ou Cretáceo, era um dos maiores carnívoros do ambiente em que ele vivia, e seguramente o maior dinossauro brasileiro de seu tempo. Outros dinossauros que conviveram com ele, como o Buriolestes schultzi, mediam cerca de 1,5 metros de comprimento. 

EXPOSIÇÃO NO BRASIL
A análise de grau de parentesco realizada no estudo indicou que o novo dinossauro foi membro de um grupo chamado Herrerasauridae, sendo parente de alguns dinossauros de idade próxima descobertos no Brasil e na Argentina. Todavia, o esqueleto do Gnathovorax cabreirai é o mais bem preservado já descoberto para dinossauros deste grupo. O último herrerassaurídeo (o Staurikosaurus pricei) foi descoberto no Brasil em 1936 e seu esqueleto está hoje em Harvard, nos Estados Unidos.

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A nova descoberta, no entanto, ficará em solo brasileiro. Isso permitirá que aqueles que tiverem interesse em conhecer o fóssil de um dinossauro herrerassaurídeo possam visitá-lo no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), em São João do Polêsine. 

O estudo, publicado no periódico científico internacional PeerJ, foi conduzido pelo egresso do curso de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM, Dr. Cristian Pereira Pacheco, pelos paleontólogos da UFSM Dr. Rodrigo Temp Müller, Dr. Leonardo Kerber, Dr. Flávio A. Pretto e Dr. Sérgio Dias da Silva, e pelo paleontólogo da USP Dr. Max Cardoso Langer. O responsável por realizar a reconstrução do Gnathovorax cabreirai em vida foi o paleoartista Márcio L. Castro.

O CAPPA
Desde 2013, a valorização da riqueza fóssil da região ganhou um aliado de peso: o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), em São João do Polêsine. O local, que foi idealizado pelo Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável (Condesus) Quarta Colônia e é mantido pela UFSM, é uma referência nos estudos paleontológicos no Estado.

A paleontologia é a ciência que se dedica ao estudo de antigas formas de vida do planeta Terra, tanto animais quanto vegetais. A região central do Rio Grande do Sul é considerada um berço dos dinossauros no cenário paleontológico nacional, com fósseis de mais de 230 milhões de anos. Tem sido palco de grandes descobertas de reconhecimento internacional, em uma faixa com mais de 200 quilômetros, nos municípios da Quarta Colônia (principalmente Agudo, Faxinal do Soturno e São João do Polêsine), em Santa Maria e São Pedro do Sul.

O prédio do Cappa é composto por uma sala de exposições, onde os visitantes podem observar alguns dos fósseis encontrados na Quarta Colônia ou réplicas deles, salas onde são feitas as pesquisas e outro espaço onde são armazenados os fósseis mais frágeis que não estão expostos. 

COMO VISITAR

  • Onde - O Cappa fica localizado na Rua Maximiliano Vizzoto, 598, em São João do Polêsine
  • Quando - O local está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 9h ao meio-dia e das 13h30min às 17h, e aos sábados, das 9h às 17h
  • Atividade - Anualmente, em outubro, em data próxima ao Dia das Crianças, o Centro organiza o Paleodia. Na programação do evento, há caça ao fóssil, onde as crianças têm a oportunidade de serem paleontólogas por um dia e procurar por réplicas de fósseis de dinossauros enterrados na areia, outras brincadeiras, projeções de filmes e bancas de produtos coloniais
  • Informações - Para uma visita guiada em grupo, é preciso agendar pelo email [email protected] ou pelo telefone (55) 3269-1022

*Colaborou Janaína WIlle

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